terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pintou um Clima




Acabou a conferência de Durban e parece existir certo otimismo pelo fato de que as conclusões pelo menos contaram com apoio dos dois emissores de gases de efeito estufo do planeta, a China e os EUA.

Não preciso discutir muito aprofundadamente sobre tudo que foi dito, então resolvi dedicar a postagem àqueles que se acostumaram a dizer que o clima não está mudando e que controlar emissões de gases de efeito estufa é parte de um plano maquiavélico dos países industrializados segurarem o desenvolvimento dos países pobres.

Tem gente que pensa assim? Tem, e não sem uma parcela de razão. Controlar emissões é uma forma de encarecer a produção industrial e um país pode alegar que não comprará nada de um país poluidor pequeno, impedindo-o de exportar mais. DÁ para impedir o desenvolvimento de países com estas ferramentas.

O que em geral se esquece é que seus pais se lembram de quando São Paulo era a Terra da Garoa, de quando nevou no Itatiaia e o mosquito da dengue não conseguia sobreviver nas latitudes abaixo do RJ. O clima está mudando. e não é para melhor. A humanidade já tirou zilhões de toneladas de carbono que a natureza sabiamente enterrou sob camadas infinitas de rocha e os jogou no céu. Já tirou camadas imensas de cobertura vegetal dos solos e igualmente as queimou.

Sério que tem quem acha que isso não faz diferença no equilíbrio climático do planeta?

É mais comum ver este pensamento entre gente de humanas, que costuma enxergar tudo pelo filtro da justiça social, da briga de classes, do marxismo x capitalismo e por aí vai. É gente que nunca leu ou não quis entender livros como o genial "Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres", de Leonardo Boff, que retrata o papel da destruição ambiental no processo de opressão social. Ou ainda "Pálido ponto azul", do saudoso Carl Sagan, que nos lembra da fragilidade de nosso planeta.

Os exemplos de mudança climática são imensos. Furacões, secas, enchentes são as mais evidentes, mas pequenas mudanças climáticas como o aumento de meio grau centígrado torna possível a insetos avançarem sobre áreas antes livres deles, levando novas formas de destruição de lavouras ou epidemias de doenças após alguns anos.

Sério que tem quem ache que isso tudo é um ciclo natural? Que a Terra esfria e esquenta normalmente e isso não é culpa nossa? Claro que tem, gente que não sabe contar tempo geológico para saber que uma mudança climática de poucos graus leva alguns poucos milhares de anos (O que é rápido em se tratando de eras). As mudanças climáticas que hoje sofremos podem ser acompanhadas em pouco mais de cem anos, coincidindo com o início do uso sistemático e incontrolável de combustíveis fósseis. Coincidindo? Não.

A conferência de Durban é uma grata surpresa, embora ainda sem resultados práticos, que pode nos mostrar que está na hora de pararmos de ver o problema como país contra país e sim de humanos tentando manter o planeta habitável em todas as suas partes.

Garanto que se você morasse no arquipélago de Tuvalu estaria muito mais feliz com a possibilidade de começarem a cuidar disso!

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